Sara Catarino
Muito já foi dito, escrito e ponderado sobre o resgate dos mineiros chilenos. Mas calculo que cada um de nós vê e reflecte de maneira diferente.
Olhei fascinada para o tempo que levou a cápsula a descer, para o cuidado dos homens à volta daquele enorme buraco. De vez em quando a imagem mostrava uma panorâmica maior do deserto frio onde se encontra a mina, gente andando de um lado para o outro, decerto com alguma tarefa importante a cumprir, já que tudo aquilo tinha a ver com o salvamento de vidas humanas. Agradeci pela tecnologia ao dispor dos homens, pelo empenho de pessoas que, noite e dia, trabalharam para que esta operação tivesse sucesso.
Senti um calafrio quando mostraram a bandeira da nação, tremulando no alto de um poste. Todo o país sofreu, chorou, orou e esperou que os homens voltassem à superfície, sãos e salvos. Hoje, esse mesmo povo celebra e canta nas ruas a vida e a solidariedade.
Enquanto decorria o salvamento, veio ao meu pensamento o texto de Efésios 3:17-19. Não entendia o que o Espírito de Deus falava ao meu coração, não compreendia o que tinha o texto a ver com o resgate de 33 homens nas profundezas da terra, alimentados apenas pela esperança que, alguém cá em cima estava a fazer tudo para salvá-los.
Sem compreender ainda, reparei no cuidado colocado em cada gesto, no altruísmo de 6 homens que desceram para fazer parte dos soterrados e ajudá-los a aguentar as últimas horas, na alegria genuína e vibrante de cada um à volta do buraco, cada vez que um mineiro chegava salvo... e de repente, a palavra de Efésios ficou viva!
Nós ainda não entendemos a largura do amor de Deus – o quanto Ele se estendeu para nos alcançar; nem o comprimento – o quanto caminhou para nos achar; nem a profundidade – o quanto desceu para nos libertar – o quanto subiu para nos trazer vitória total. Por que se conhecêssemos esse amor, que excede todo o esforço, todo o empreendimento, todo o conhecimento e toda a nossa compreensão, aí sim, gozaríamos de toda a plenitude de Deus!
Ele continua a procurar em todas as dimensões para alcançar o desesperado e quando acontece achar um deles, a bandeira dança ao vento e há alegria no céu, gozo indizível e glorioso, cada vez que um dos perdidos é resgatado...
A família e amigos cobriam de beijos cada mineiro que saía da terra. Será que a “família” do perdido, sem Deus e sem salvação, se alegra quando ele é resgatado?
As lágrimas corriam-me quentes pelo rosto. “Senhor fortalece o meu interior, hoje. Deixa o meu coração criar raízes em Ti, para que eu entenda este amor”...
Lá, eles foram todos salvos.
“...que Eu não perca nem um só daqueles que Ele me deu...” João 6:39
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