segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O significado do Natal para Cristo.

Hermes Fernandes

Natal é a história de um Deus que Se esvazia, abre mão de Sua glória, para sair ao encontro de Sua criatura extraviada.
Nesta época do ano, muitos textos são usados como base para os sermões natalinos. Amo todos eles. Gosto dos detalhes oferecidos por Lucas. Aprecio a ponte que Mateus faz entre os acontecimentos e as profecias. Inspiro-me na ousadia de João ao expor a origem divina e atemporal do Messias. Mas para mim, o texto que melhor revela o propósito do Natal foi escrito por Paulo e está registrado em Filipenses, capítulo 2.
Paulo não se atém ao significado da encarnação de Cristo para os homens, mas aborda o seu significado para o próprio Cristo.
De acordo com o apóstolo, devemos ter “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (v.5). A partir desta admoestação, Paulo nos abre um leque e nos descortina o que representou tal experiência para Jesus.
1 – “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus...” – Para nos redimir, Cristo teve que tomar a contramão. O pecado inaugural foi ceder ao apelo da serpente, que dizia: “Sereis como Deus...” (Gn.3:5b). Para reverter isso, Jesus teve que recapitular a mesma história, embora em cenários diferentes. Diferente do primeiro homem, Ele não usurpou ser igual a Deus, ainda que fosse “em forma de Deus”. Em vez de agir com autonomia, Ele preferiu colocar-Se numa posição de total dependência do Pai, obedecendo-O em tudo (Jo.8:28-29; 12:49).
2 – “...mas a si mesmo se esvaziou...” – Lá estava Ele, deitado numa manjedoura, chorando como um bebê qualquer. Deus vazio! Deixou Seu trono de glória para hospedar-Se por nove meses no ventre de uma mulher. O Deus Onipresente confinado e protegido numa placenta, nadando no líquido amniótico. O Criador dos buracos negros, das passagens dimensionais existentes no Cosmos, teve que passar pela mesma fresta apertada por onde todo ser humano passa num parto natural. O ambiente em que nascera era fétido, sem as mínimas condições higiênicas que oferecesse conforto e segurança, tanto à parturiente, quanto ao recém-nascido. Em vez de cânticos angelicais, o que se ouviu foi o barulho característico dos animais que ali eram guardados. O Deus que fez os céus e a terra, e que mantém cada partícula do Universo pela Palavra do Seu poder, agora estava ali, frágil, vulnerável, inaugurando Seus pulmões com um choro estridente. Quem deve ter dado aquela palmada básica no bumbum do menino Deus? Não havia nenhum obstetra de plantão em Belém! Nem mesmo uma parteira experiente. É plausível acreditar que o próprio José tenha feito o trabalho, aparando o menino.
3 – “...tomando a forma de servo...” – Jesus Se identificou com as camadas mais pobres da sociedade. Embora pertencente a uma estirpe real (por isso era chamado “Filho de Davi”), teve que trabalhar desde cedo, aprendendo o ofício de Seu pai adotivo. Aquele que modelou as montanhas e os vales da Terra, agora tinha que aprender a arte da carpintaria.
4 – “...fazendo-se semelhante aos homens...”- Ele não era um embuste. Era 100% humano (embora em Sua essência fosse 100% Deus). Por isso, teve fome e sede, como demonstrado na tentação no deserto (Mt. 4). Se não fosse assim, Sua cruz seria uma encenação. A única coisa que O diferenciava dos demais humanos era o fato de jamais ter pecado (Hb.4:15).
5 – “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo...” – Do Trono Celestial para o ventre de Maria. Do ventre para a manjedoura. Da manjedoura para a vida serviçal. De lá para o deserto. Do deserto para as ruas empoeiradas dos subúrbios da Galiléia. Sua próxima escala antes da Cruz seria a bacia. Numa atitude inusitada, Jesus toma uma bacia e uma toalha, despe-Se aos olhos dos Seus discípulos, e lava-lhes os pés. Aquela era uma tarefa para os escravos. Aquele que criara os oceanos, e projetara as mais lindas praias, agora usava uma bacia rasa para banhar os pés dos Seus discípulos. Antes que as autoridades judias e romanas O humilhassem publicamente, Ele humilhou-Se a Si mesmo.
6 – “...sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” – Sua próxima parada seria um jardim. Um cenário bem parecido com aquele em que o primeiro homem preferiu rebelar-se contra o seu Criador. Jesus, o segundo Adão, tinha a oportunidade de reverter a maldição, obedecendo a Deus até as últimas conseqüências, abrindo mão de Sua própria vida. A atenção do Universo se voltou para aquele lugar. Era o momento decisivo. Jesus sofreria Sua última tentação. Enquanto Seus discípulos dormiam, deu-se o embate mais importante da história do Cosmos. O destino de cada partícula subatômica dependia do resultado desse embate. Os pássaros silenciaram-se. O vento aquietou-se. Os anjos prenderam a respiração. Suspense! Jesus pondera e apela: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!” Os anjos engoliram a seco. E agora? Deixem que o Filho de Deus complemente Seu pedido: “Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt. 26:39). Onde o homem falhou, o Novo Homem venceu. O caminho da redenção estava aberto. O cosmos respirou aliviado. O que já houvera sido decidido na Eternidade, agora encontrou eco dentro do tempo e do espaço. A obediência de um reverteu para sempre o efeito causado pela desobediência de outro (Rm.5:19).
7 – “Pelo que Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai”(vv.9-11). Percebe que Paulo omite a ressurreição e a ascensão de Cristo? Da Cruz, ele vai direto para a exaltação. Por que? Alguém poderá dizer que aqui estão subentendidos tanto a ressurreição, quanto a ascensão. Pode ser que sim. Mas prefiro acreditar que Paulo percebeu que a exaltação de Cristo Se deu na Cruz. Não estou diminuindo o peso da ressurreição. Apenas demonstrando que o que deveria ser considerado vergonhoso, Deus declarou como o mais glorioso evento da História. Foi lá no madeiro que Deus fez convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus, quanto as que estão terra (Ef.1:10; Cl.1:20). Foi também lá que Ele triunfou e despojou os principados e potestades, expondo-os publicamente ao desprezo (Cl.2:15). Foi na Cruz que Deus O exaltou! Sua ressurreição e ascensão são conseqüência desta exaltação. Mesmo em Seu corpo glorioso, as cicatrizes dos cravos são mantidas. E não duvido que abaixo da coroa de glória, ainda se vêem as cicatrizes deixadas pela coroa de espinho. Essa é a Sua glória! Quando Jesus pediu ao Pai que lhe restituísse a glória que tinha antes da fundação do mundo, Ele estava falando da glória da Cruz, pois o Cordeiro foi morto antes dos tempos eternos. A Cruz não foi um acidente de percurso. A Cruz é eterna! Por isso, na visão de João em Apocalipse, o trono de Deus é ocupado por um Cordeiro “como tendo sido morto”.
É na Cruz que o tempo e a eternidade se cruzam. O Cronos e o Kairós contraem matrimônio. Do ponto de vista histórico, não se pode dissociar a cruz da manjedoura. Aqueles que afirmam que não devemos celebrar o Natal de Jesus, mas unicamente a Sua morte, estão cometendo um grande engano. Ser inimigo da manjedoura é também ser inimigo da Cruz (Fp.3:18).
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Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Arqueólogo Afirma ter encontrado a casa em Nazaré do tempo em que Jesus foi Criança.


Postal de Nazaré - Israel

Quase na véspera do Natal, segunda-feira, dia 21, arqueólogos revelaram uma descoberta, que afirmaram ser os restos de uma primeira habitação, datada da época de Jesus Cristo. Ainda não se sabe com certeza o tamanho da construção. Foram desenterrados 900 metros quadrados da casa, mas julga-se ter sido ocupada por uma família grande. O importante achado ocorreu quando construtores escavaram um antigo convento para dar lugar a um novo centro cristão.
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A casa sugere que o vilarejo era uma espécie de subúrbio, com 50 residencias em uma área de quatro hectares. “É evidente que foi moradia de judeus de parcos recursos, gentes que mantiveram grutas camufladas para se esconderem dos invasores romanos”, afirmou o arqueólogo Yardena Alexandre, diretor de escavações da Autoridade de Antiguidades de Israel. Tal conclusão foi feita devido a ausência de restos de vasos de vidro ou de produtos importados, a falta desses utensílios, segundo o arqueólogo, sugerem que a família não era abastada.
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Acredita-se que a descoberta da construção seja a antiga aldeia de Nazaré, e que esta descoberta lançará nova luz sobre o período da primeira era cristã, pois revela a provável localidade que era o lugar onde o Novo Testamento informa ter ocorrido o anuncio do anjo a Maria, informando a ela que conceberia o Filho de Deus. Acredita-se que este achado arqueológico dará noções de como era o local onde o menino Jesus viveu. “Cristo poderia ter conhecido a casa”, diz um dos funcionários da equipe de escavadores.
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A equipe de Alexandre também descobriu um esconderijo, uma forma camuflada de entrada de uma gruta com espaço para seis pessoas, pensa-se ter sido usada para que os judeus pudessem se esconder de soldados romanos que lutavam para manter o controle da área. No entanto, não é esquecido que Nazaré não era considerada ponto estratégico para Roma, pois não situava numa colina.
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Grutas-esconderijos, semelhantes, também foram encontradas na parte mais baixa da Galiléia, bem próxima de outra aldeia que consta nas páginas da Bíblia, a vizinha aldeia Caná, onde existe registro de lutas entre os judeus e soldados romanos.
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Também foram encontrados um pátio e um sistema de aproveitamento das águas da chuva, que escorria pelo telhado, para o abastecimento da casa. Além disso, do lado de fora de Nazaré, foi descoberto um cemitério, que agora proporciona uma idéia aproximada da população da aldeia.
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“Isso pode muito bem ter sido um lugar que Jesus e seus contemporâneos estavam familiarizados. Um jovem Jesus pode ter brincado nas dependências e arredores dessa casa com seus primos e amigos. É uma sugestão lógica", disse Alexandre.
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Atualmente, o trabalho dos cientistas é de limpeza das ruínas acima das escavações, para preservar o lugar. A habitação será integrada a um Centro Internacional Cristão, que é construído próxima da descoberta arqueológica, financiada por um grupo de franceses católicos, informou Marc Hodara, da Chemin Neuf, que supervisiona a obra.
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Alexandre afirma que o espaço de escavações será limitado devido a atual densidade populacional de Nazaré, o que torna improvável que os arqueólogos tenham autorização para realizar quaisquer novas escavações na área. Isto significa que a descoberta da habitação será a única representação que ficará para contar a história de como era uma casa durante a infância de Jesus.
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Tão perto do Natal, esta notícia tem agradado os cristãos locais e de todo o mundo e poderá vir a ser um dos mais visitados pontos turísticos da Terra Santa.
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Fonte: Associated Press via AOL
 
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

URGÊNCIA MISSIONÁRIA

I. OS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E A URGÊNCIA MISSIONÁRIA
Vivemos em um país com 257 tribos indígenas perfazendo uma população aproximada de 364.000 pessoas. Segundo o pesquisador Paulo Bottrel(1) apenas 4 etnias (Katuena, Mawayana, Wai-Wai e Xereu) possuem a Bíblia completa, 34 dispõem do Novo Testamento e outras 59 contam com porções bíblicas. Entretanto mais de 120 tribos necessitam urgentemente da tradução das Escrituras. Apesar das 25 Agências Missionárias que bravamente atuam entre os índios em nosso país ainda contamos com um vasto campo que necessita do evangelho e 103 grupos permanecem sem presença missionária.
É certo que o desafio vai muito além das estatísticas e das palavras, pois é prefigurada por faces, vidas, histórias e culturas milenares as quais tem sofrido ao longo dos séculos a devassa dos conquistadores, a forte imposição sócioeconômica, etnofagias e perdas culturais.
Em meio a todo este quadro há necessidade gritante de homens e mulheres que se disponham a encarar a transmissão do evangelho valorizando o homem e sua cultura dentro de uma esfera de compreensão lingüística e aplicabilidade social, o que envolve o ultrapassar de várias barreiras. Uma delas é o estudo, registro, preservação, uso e valorização das línguas maternas.

O Apelo das Minorias
No contexto sul-americano nosso país possui a maior densidade lingüística e diversidade genética e, paradoxalmente, uma das menores concentrações demográficas por língua falada. As 185 línguas indígenas são distribuídas em 41 famílias, dois troncos e uma variedade desconhecida de línguas isoladas(2). Em meio a esta grande diversidade apenas 3 etnias (Tikuna, Kaingang e Kaiwá) possuem mais de 20.000 pessoas e a média de falantes por língua é de 196 pessoas. 53 povos têm menos de 100 indivíduos e há aqueles com menos de 10 representantes como os Akunsu, com 7 pessoas, os Arua com 6 e os Juma também com 7 indivíduos. Quando pensamos em grupos indígenas nos confrontamos com a realidade de povos minoritários.
Nos anos 80 pesquisadores do Museu Goeldi encontraram os dois últimos falantes do Puruborá. Em 1995 foi identificado um grupo arredio como sendo falante do até então desconhecido Canoê(3) e Pierre Grenand reconhece a existência de 52 grupos ainda sem contato com o mundo exterior cujas línguas não foram estudadas, praticamente todas minoritárias.
O Brasil evangélico não indígena, por sua vez, experimenta desde os anos 80 um rápido crescimento tanto em número de templos como de convertidos, motivo de louvor a Deus. Isto por outro lado têm nos levado a desenvolver uma missiologia mais pragmática, que cultua os resultados, do que Escriturística, que valoriza a Palavra. Assim tanto a expectativa missionária por parte do corpo evangélico nacional quanto à prática no plantio de igrejas valoriza o quantitativo. E isto não será encontrado no universo indígena, pois a conversão de toda uma tribo pode representar, em alguns casos, apenas uma dúzia de pessoas. Precisamos ser relembrados da proposta de Jesus: tornar-se conhecido dentre todos os povos, tribos línguas e nações da terra(4) e isto jamais acontecerá enquanto não alcançarmos os grupos minoritários. Precisamos de uma Igreja apaixonada por Jesus e disposta a gastar bastante tempo e recursos no preparo de seus obreiros a fim de fazer o Evangelho de Cristo conhecido entre todos os povos, também os minoritários.
O Apelo da Tradução Bíblica
‘Se Deus nos ama, por que Ele não fala a nossa língua ?’
Estas palavras impactaram a mente de William Cameron Townsend quando trabalhava com o povo Cakchiquel da Guatemala desde 1919. Após ser despertado para a necessidade de comunicar o evangelho na língua materna de cada povo ele se dispôs a fundar a SIL (Sociedade Internacional de Lingüística) que atua perseverantemente na tradução das Escrituras. Mas esta não é apenas uma preocupação moderna. Martinho Lutero, reformador protestante, percebeu rapidamente a incapacidade da Igreja conhecer a Deus sem conhecer a Palavra e assim lançou em 1534 a primeira edição da Bíblia por ele traduzida.
A força missionária tem sido ao longo das décadas um divisor de águas na subsistência das línguas indígenas brasileiras sob o esforço da SIL (7) e Missão Novas Tribos do Brasil dentre outras Agências missionárias e atualmente novas organizações como ALEM8 tem liderado o interesse pela tradução bíblica. Boa parte devido aos nossos preciosos irmãos norte-americanos que valorosamente trabalharam e trabalham na análise e grafia lingüística e tradução da Palavra para vários idiomas, como o caso do missionário Robert Hawkins que dedicou 54 anos de sua vida traduzindo a Bíblia completa para a língua Wai-Wai.
O presente apelo é por obreiros brasileiros, com desejo de se esmerarem no estudo lingüístico e se prepararem da melhor forma possível para transmitir o evangelho a mais de 120 línguas no Brasil Indígena.
Conclusão
Na preleção a seguir um norte americano falaria sobre o desenvolvimento de igrejas autóctones. Ele iniciou seu sermão mais ou menos da seguinte forma: “Fui missionário por mais de 20 anos na Amazônia brasileira entre indígenas ainda não alcançados pois apesar da existência de milhões de evangélicos naquele país não havia missionários suficientes. Isto por que a Igreja dorme.”
Senti-me muito constrangido mas reconheci, infelizmente, que suas palavras não estavam tão longe da verdade. É possível mudar.
Notas:
1 Responsável pelo banco de dados da AMTB
2 Segundo Aryon Rodrigues, ‘Línguas Indígenas – 500 anos de descobertas e perdas’
3 Segundo relato de Pierre e Fraçoise Grenand
4 Apocalipse 5:9 5 Michael Krauss – The world’s languages in crisis’
6 Idem Nota 2
7 Sociedade Internacional de Lingüística 8 Associação Lingüística Evangélica Brasileira
Ronaldo Lidório – É doutor em Antropologia, missionário da Missão AMEM em parceria com a
Extraído da Revista AMEM, nº 13, 3º Trim/2003. pp.12-14.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Conhecer a Deus e fazer-lo conhecido.

Uma missão...Um chamado...Um sonho...Uma visão...Uma onda de jovens invadindo os continentes...Comprometidos com a missão...Levando o reino de Deus ao mundo...Dispostos a transformar o mundo...Ansiosos em conhecer à Deus...Comprometidos em fazê-lo conhecido...Dispostos a pagar o preço...Por aquele que os amou primeiro...Por amor ao evangelho...Até os confins da terra...